PESQUISAS CIENTÍFICAS APONTAM QUE DROGAS PSICODÉLICAS MAIS SEGURAS ESTÃO CHEGANDO

As empresas estão trabalhando para tornar as drogas psicodélicas mais seguras, melhores e mais fáceis de administrar, na esperança de obter aprovação regulatória. Os psicodélicos melhoram a saúde mental ao aumentar a neuroplasticidade, ajudando o cérebro a crescer e formar novas conexões. 

O MDMA, conhecido por promover empatia e mente aberta, parece colocar as pessoas em um espaço mental onde elas podem reprocessar experiências traumáticas. 

Algumas pesquisas sugerem que a psilocibina, um composto psicoativo em cogumelos mágicos, alivia a depressão ao religar o cérebro, alterando sua paisagem para interromper padrões de pensamento tóxicos. 

Outros psicodélicos, incluindo LSD, DMT e ibogaína, também parecem promover mudanças psicologicamente benéficas no cérebro, tornando-os tratamentos promissores para condições como ansiedade, depressão e transtorno de abuso de substâncias. 

E usar psicodélicos para tratar condições de saúde mental requer protocolos rígidos em que os pacientes são monitorados por diversos profissionais de saúde mental durante as viagens, que podem durar mais de 6h ou ainda serem acrescidas por sessões adicionais de psicoterapia. 

Os chamados psicodélicos 2.0 surgiram como uma forma alternativa de MDMA chamada R-MDMA. A droga ainda está em testes de segurança em estágio inicial, para tratamento do transtorno de ansiedade social. Dados iniciais sugerem que, em comparação com o MDMA típico, essa versão causa menos efeitos colaterais e uma experiência mais introspectiva. 

O R-MDMA traz o benefício de tornar o tratamento com MDMA menos dependente de psicoterapia, fato que pode ser relevante na reavaliação do medicamento pela FDA. Outra vantagem nesse novo medicamento está na possibilidade de melhora do funcionamento social entre pessoas com transtorno do espectro autista, a fim de oferecer aos pacientes uma nova esperança de conexão significativa. 

Outras empresas estão tentando melhorar outras substâncias alteradoras de consciência. Pesquisadores da Duke University, Yale University e University of California, San Francisco, estão trabalhando em uma droga modelada a partir da ibogaína que, pelo menos em testes com animais, parece capaz de imitar seu impacto no cérebro com menos efeitos colaterais indesejados. 

A Beckley Psytech está desenvolvendo uma droga sintética semelhante ao DMT, um composto da ayahuasca que resulta em alucinações curtas, mas intensas, e pode levar a efeitos colaterais cardiovasculares, convulsões e outros riscos. Porém, em um teste preliminar, trouxe alívio duradouro para depressão resistente ao tratamento em cerca de metade das pessoas que tomaram apenas uma dose. 

A dosagem única tem grande vantagem em comparação aos psicodélicos tradicionais, pois os pacientes começam a sentir seus efeitos em minutos e descem após cerca de uma hora. Isso não só libera recursos clínicos, mas também pode ser um conforto para os pacientes. 

A empresa farmacêutica AbbVie está trabalhando com a Gilgamesh Pharmaceuticals, tentando remover completamente os efeitos trippy dos psicodélicos, desenvolvendo “neuroplastógenos” que podem mudar o cérebro sem causar efeitos psicoativos intensos. 

Da mesma forma, a Enveric Biosciences está se preparando para iniciar testes em humanos de uma molécula que tem semelhanças estruturais com a psilocibina, mas – em teoria – causa efeitos psicodélicos mínimos quando se liga a receptores no cérebro.  

A ideia é alimentar a neuroplasticidade sem deixar as pessoas chapadas; essa abordagem resultaria em um medicamento eficaz que poderia ser tomado todos os dias em casa, assim como um antidepressivo – um modelo com o qual reguladores e médicos já estão familiarizados e que remove o fardo logístico de longas sessões na clínica. 

Para esse fim, o Mindstate Design Labs está trabalhando para construir drogas que causem viagens psicodélicas, mas seletivamente. Os psicodélicos são moléculas que interagem com locais em todo o cérebro. O objetivo do Mindstate é adaptá-los para causar efeitos mais direcionados. 

Auxiliada pela inteligência artificial, a empresa analisou dados sobre como diferentes psicodélicos afetam o cérebro, incluindo dezenas de milhares de “relatórios de viagem” de usuários de drogas, a fim de granular o suficiente para projetar medicamentos que alterem a consciência de maneiras aparentemente benéficas (como por meio de experiências místicas, percepções alteradas de tempo e espaço e sentimentos de “sacralidade”), evitando efeitos que não parecem úteis (como distorções auditivas e perda de controle). 

Por meio de sua análise, a Mindstate identificou uma droga chamada de “tofu psicodélico”, que é relativamente branda e básica, no que diz respeito aos psicodélicos, mas que pode ser apimentada quando combinada com compostos que desencadeiam os efeitos desejados no cérebro.  

No início de setembro/2024, o FDA deu luz verde à Mindstate para começar a testar seu medicamento “tofu”; se isso for seguro, a empresa começará a testá-lo em combinação com outros compostos. 

Todas essas abordagens estão em fases iniciais de pesquisa, o que significa que as empresas precisam passar por anos de testes clínicos — que podem ou não ser bem-sucedidos — antes mesmo de pensarem em solicitar a aprovação do FDA. 

Não há garantias de que o estudo se traduzirá em sucesso científico ou regulatório, mas esse é um caminho importante para a descoberta de substâncias que auxiliem efetivamente as pessoas que buscam tratamento, além de ser um passo necessário para obter a aprovação do FDA.

 

Referências

DUCHARME, Jamie. Safer Psychedelic Drugs May Be Coming. 2024.

https://time.com/7027173/new-psychedelic-drug-companies/

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